Soberano e o sonho na proteção do patrimônio cultural: um estudo sobre Ramadã em Sandman à luz das teses de Agamben
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v12.5754Resumo
Este ensaio explora a proteção do patrimônio cultural a partir da análise da história em quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman, e das teorias de Giorgio Agamben, em especial o projeto Homo Sacer e suas implicações políticas e normativas. A escolha dessas referências justifica-se pela capacidade de Sandman em ilustrar, de forma metafórica, as consequências de decisões autoritárias sobre o patrimônio, enquanto Agamben fornece um arcabouço teórico para compreender como o poder soberano pode criar zonas de exceção que marginalizam as comunidades. Utilizando uma abordagem crítica, o ensaio examina a relação entre o poder público e a preservação cultural, destacando a importância da participação social nesse processo. Identificam-se tensões entre a patrimonialização e a exclusão das comunidades, mostrando como a preservação unilateral, conduzida apenas por decisões estatais, pode resultar em um estado de exceção que silencia as vozes da sociedade. Como metáfora, analisa-se a figura do Califa em Sandman, que, ao buscar proteger Bagdá a qualquer custo, descontextualiza a cidade social e culturalmente, suspendendo-a da realidade ao tomar decisões sem consultar as comunidades locais. Critica-se, ainda, o processo de seleção dos bens culturais por uma elite técnica, que frequentemente desconsidera as realidades vividas pela população. Propõe-se que a preservação cultural deve ser entendida como um processo dinâmico e relacional, que inclua as comunidades e suas práticas culturais vivas. Conclui-se que a proteção do patrimônio deve ir além da conservação estática, promovendo a continuidade e a evolução das identidades locais, em diálogo com as necessidades e os significados atribuídos pelas comunidades.
Palavras-chave: Agamben; Sandman; Patrimonio Cultural; Projeto Homo Sacer; Estado.
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